Apresento de seguida uma adaptação do texto Conto Gramatical feita por uma aluna (de 7º ano) no ano lectivo anterior. Não consegui descobrir o nome do autor (quem souber, por favor, informe). Espero que este texto seja uma motivação para todos os alunos que gostem de escrever e que, a partir daqui, tentem realizar uma versão diferente. Poderão enviar os textos para o mail oficinadeescrita8@gmail.com. Terei todo o prazer em publicá-los aqui, neste blog.
Conto Artístico
Era a terceira vez que aquele quadro e aquela tinta se encontravam no elevador. Um quadro bem pintado, com aspecto rectangular, com algum anos bem vividos pelos pincéis da vida. E a tinta era bem colorida, rosa clarinho. Era ainda novinha, mas com maravilhosas condições de pintura. Era ingénua, acrílica, um pouco oleosa até, ao contrário dele, um fresco bem forte e bem colorido!
O quadro gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém os ver nem ouvir. E, sem perder essa oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar… A tinta cor-de-rosa deixou os três godés de lado e permitiu essa pequena deixa. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro. “ Óptimo!”, pensou o quadro. “Mais uns motivos para provocar alguns óleos…”
Pouco tempo depois, já estavam bem entre paletas quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que, em vez de descer, subiu e parou justamente no andar do quadro. Ligou o gravador e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma melodia clássica, bem suave e maravilhosa. Prepararam uma pincelada dupla para ele e uma tela com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num estirador, quando ele começou outra vez a insinuar-se. Começaram a aproximar-se e abraçaram-se numa pincelada tão minúscula que nem uma gota de tinta passaria entre os dois!
Entretanto, a porta abriu-se repentinamente! Era o cavalete auxiliar do edifício! Ele tinha percebido tudo e entrou, dando golfadas de tinta nos dois, que se encolheram artisticamente, cheios de pêlos de marta, aguarelas e guaches. O quadro, vendo que poderia transformar-se num grafitti depois dessa, pensando nos seus sprays, resolveu colocar um traço final na história: agarrou o cavalete e atirou-o pela janela.
Agora quem coloca um traço final sou eu. Ou melhor: coloco dois. Um é para não perder a mania. Outro é porque isto é um conto rápido e não uma pintura abstracta.
Ana Rute Magalhães Alves
Era a terceira vez que aquele quadro e aquela tinta se encontravam no elevador. Um quadro bem pintado, com aspecto rectangular, com algum anos bem vividos pelos pincéis da vida. E a tinta era bem colorida, rosa clarinho. Era ainda novinha, mas com maravilhosas condições de pintura. Era ingénua, acrílica, um pouco oleosa até, ao contrário dele, um fresco bem forte e bem colorido!
O quadro gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém os ver nem ouvir. E, sem perder essa oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar… A tinta cor-de-rosa deixou os três godés de lado e permitiu essa pequena deixa. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro. “ Óptimo!”, pensou o quadro. “Mais uns motivos para provocar alguns óleos…”
Pouco tempo depois, já estavam bem entre paletas quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que, em vez de descer, subiu e parou justamente no andar do quadro. Ligou o gravador e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma melodia clássica, bem suave e maravilhosa. Prepararam uma pincelada dupla para ele e uma tela com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num estirador, quando ele começou outra vez a insinuar-se. Começaram a aproximar-se e abraçaram-se numa pincelada tão minúscula que nem uma gota de tinta passaria entre os dois!
Entretanto, a porta abriu-se repentinamente! Era o cavalete auxiliar do edifício! Ele tinha percebido tudo e entrou, dando golfadas de tinta nos dois, que se encolheram artisticamente, cheios de pêlos de marta, aguarelas e guaches. O quadro, vendo que poderia transformar-se num grafitti depois dessa, pensando nos seus sprays, resolveu colocar um traço final na história: agarrou o cavalete e atirou-o pela janela.
Agora quem coloca um traço final sou eu. Ou melhor: coloco dois. Um é para não perder a mania. Outro é porque isto é um conto rápido e não uma pintura abstracta.
Ana Rute Magalhães Alves
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